CAUSA E EFEITO

As empresas estão jogando as pessoas nas ruas, literalmente. Para proteger o capital e diminuir a folha de pagamentos vale tudo. São pais de família, mães solteiras, cidadãos esperançosos que agora têm seus projetos abortados como filhos que nem deveriam ter tido o direito de nascer. Contudo, certamente, trarão um resultado prático para o cotidiano de cada cidade, no mundo.
De repente, ao caminhar pelas calçadas, temos a sensação de que o espaço está menor, de que o barulho aumentou. Parece que mais pessoas estão gritando, tentando vender qualquer coisa, desesperadamente. O pior é que não se trata de uma sensação, é a triste realidade.
Será que o Estado terá força policial suficiente para reprimir o número de ambulantes? Acredito que já estejam providenciando mais cassetetes, munição e microônibus com grades nas janelas. Tudo bem, eles dizem! Quanto aos vendedores de rua, dá até pra “trocar uma idéia”. Mas, e quanto àqueles que se sentem punidos pela longa injustiça da péssima distribuição de renda? Enquanto alguns casais combinam fazer salgadinhos para vender, outros vizinhos organizam coisas mais indigestas, como assalto a Banco, venda de drogas, invasão de prédios em bairros nobres, explosão de delegacias, aquisição de pistolas semi-automáticas "ponto 40" que oferecem, por vez, 12 letais “empadinhas de pólvora”, entre outros “redirecionamentos para o capital existente”. Que frase bonita, não? Típica de um bom sofista da contemporaneidade! Bonita, porém, desgastada diariamente nos meios de comunicação de massa. A questão é que os criminosos estão aprendendo essas frases repletas de sentido figurado, e tentam recuperar o sentido prático de cada uma delas.
Sem querer ampliar o infinito debate filosófico já existente, pergunto: Será que a maioria dos criminosos não gostaria de poder colocar a comida no prato de seus familiares, pagar em dia o colégio das crianças, entrar e sair de casa com a cabeça erguida pela dignidade, não viver acuado pelas sirenes urbanas, entre tantas outras coisas legais, nos dois sentidos?
Será que ninguém quer perceber o estridente apito dessa enorme panela de pressão que acaba de passar para o fogo alto?
O fato é que não sabemos mais quem está vendendo o quê, por qual motivo, com qual finalidade. Sabemos que, mais uma vez, vidas estão nessa roleta-russa do descontrole que tem como causa, o capitalismo. O problema é que ninguém está mensurando o que ele trará como efeito!
José Neto

2 comentários:

Anônimo disse...

Mete porrada neles, Jaborzinho! Parabéns!

Francisco Castro disse...

Olá, José Neto!

Eu ótima crônica sobre um assunto de extrema importância. O desemprego causado pela ganância de alguns empresários é aterrecedor.

Somente que já ficou vários meses desempregado sabe o que é viver sem um emprego, sem ter o sustento próprio e da família, é uma situação que pode levar ao desespeiro.

Quanto essas empresas não ganharam no período de bonança, quando a grande maioria dessas esmpresas obtiveram lucros astronômicos. Agora, somente porque vislumbra uma queda nas receitas no período de um ou dois anos já demitem uma parte dos funcionários, deixando-os desamparados e desprotegidos. Isso que é crueldade com quem ajudou a obter muitos lucros em vários anos seguidos.


Abraços


Francisco Castro