MORAL OU ÉTICA?

Estamos acostumados a ler que falta ética no Brasil, mas essa é uma afirmação equivocada. “Ética é a passagem do sentido biológico para o cultural”. É quando optamos por uma doação - qualquer - de sentido, por um modo de ser, por um modo de existir; é quando respondemos à pergunta: Para quê viver? A finalidade que se encontra nessa resposta, representa a ética.
A moral está diretamente ligada ao respeito pelo outro, à necessidade de socialização, de educação para o bom convívio. A moral está presente na resposta à pergunta: Como devo agir?
A ética traz o Bem Viver (não significa viver bem); enquanto a moral deve trazer o Bem Agir. Na vida prática, o Bem Agir, a moral, é aquilo que nos proporciona a Bela Vida (não a vida bela), a alegria e o respeito por si mesmo.
A ética tradicional sempre esteve associada ao plano religioso, até o advento da Peste Negra ou peste bubônica (séc. XIV) transmitida através das pulgas de roedores que viajavam nos porões dos navios de comércio, vindos do oriente (1346-1352), quando um terço da população européia foi exterminada, 75 milhões de pessoas, despertando a consciência realista de que a Igreja nada pode fazer em relação à morte. Pior, ainda condenava a quem tentasse desenvolver a cura, alegando bruxaria.
Apesar de toda contribuição de René Descartes (França 1596-1650) à estruturação do Princípio Científico, somada a outros “esclarecimentos” do Iluminismo (séc. XVIII), quando Immanuel Kant (Alemanha 1724-1804) clamava para que a humanidade começasse a pensar por conta própria, utilizando sua autonomia; ainda hoje, em pleno século XXI, pessoas condicionam suas éticas a um ou outro tipo de religião, crendo que a contribuição, inclusive financeira, atenuará questões irrefutáveis, como a própria morte ou o bem viver.
Para o nosso país, falta moral. Há falta de respeito pelo outro, cometida, inicialmente, pela péssima distribuição de renda e pelo “como agir” consciente e estudado para lesar, impunemente.
José Neto

Nenhum comentário: